A Santa Casa de Araçatuba vive uma situação crítica. Com a superlotação dos leitos pediátricos e o aumento expressivo de casos de doenças respiratórias em crianças, o hospital opera 13 internações acima do limite da UTI infantil, que comporta, no máximo, 20 pacientes.
Nesta terça-feira (29), a direção da unidade anunciou medidas emergenciais de contingenciamento e enviou um ofício à Diretoria Regional de Saúde II (DRS II), pedindo uma reunião urgente com representantes da prefeitura, do Estado, da Justiça e de demais órgãos de saúde, como o SAMU e o Pronto-Socorro Municipal.
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Além dos pacientes internados além da capacidade, oito crianças continuam em observação no Pronto-Socorro, muitas delas em estado grave, com síndromes respiratórias.
Diante da gravidade do quadro, a Santa Casa criou uma ala improvisada próxima à UTI Neonatal, com 10 leitos adaptados para atender casos respiratórios. Apesar de minimizar o risco de contaminação cruzada, o espaço não atende integralmente às normas da Vigilância Sanitária, conforme explicou o superintendente Luiz Otávio Vianna.
Outra medida emergencial adotada foi o bloqueio de uma enfermaria do Pronto-Socorro, que passou a ser usada para atender pacientes em regime de “vaga zero” — ou seja, quando não há leitos disponíveis, mas a internação é obrigatória devido ao risco de morte. Quatro leitos foram reservados para esses casos.
Reunião extraordinária com urgência
Em ofício enviado ao DRS II, a Santa Casa solicita uma reunião imediata com representantes estaduais, municipais e da Justiça, para buscar soluções conjuntas. O documento é assinado pelo diretor técnico Ronaldo Chideroll e pelo superintendente Luiz Otávio Vianna.
“A convocação extraordinária é importante para que juntos possamos analisar minuciosamente a situação e buscar soluções possíveis, com a transparência que a criticidade do momento exige”, destacaram os gestores.
Impactos em outras áreas do hospital
As ações emergenciais têm gerado reflexos em outros setores da Santa Casa. O bloqueio da enfermaria do Pronto-Socorro, que atende adultos e crianças, reduziu a capacidade de acolhimento de pacientes adultos em situações de urgência e emergência.
A direção também pressiona a CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) para que agilize a transferência de pacientes para outras unidades.
Outro alerta é a possível suspensão de cirurgias eletivas nos próximos dias. Com o início das obras de ampliação da UTI Pediátrica, parte dos leitos adultos foi desativada, comprometendo a realização de procedimentos programados.
Liminar suspensa agrava cenário
O cenário já grave piorou com a suspensão de uma liminar que proibia internações por “vaga zero”, dificultando o uso da regulação estadual para transferências. Sem esse suporte, a sobrecarga sobre a estrutura do hospital tende a aumentar ainda mais.
Fonte: Folha da Região