Um caso de discriminação dentro de uma escola municipal de Santo Antônio do Aracanguá (SP) gerou revolta e preocupação. O aposentado José Eduardo de Castilho denunciou que o filho, de 10 anos, estudante do 4º ano da Escola Maria José Jesus Costa, foi alvo de ofensas racistas e preconceituosas por parte de colegas de classe no distrito de Vicentinópolis.
Segundo o pai, os alunos chegaram a escrever um “diário” com insultos contra o menino, chamando-o de “macaco”, “preto”, “maconheiro” e “mendigo”. As palavras foram confirmadas por uma colega de sala, que relatou o conteúdo a José Eduardo há cerca de um mês.
“O que está escrito aqui não tem cabimento. É uma revolta enorme. Só quem passa por isso sabe o que sente um pai. É muito difícil”, desabafou o aposentado.
De acordo com ele, o material teria sido produzido por três alunos — dois meninos e uma menina. Uma reunião foi marcada na escola para tratar do caso, mas os pais dos envolvidos não compareceram.
José Eduardo afirma que não registrou boletim de ocorrência por falta de recursos para se deslocar até a cidade, já que mora na zona rural, a cerca de 20 quilômetros da delegacia.
“Se eu tirar R$ 70 para colocar combustível, fico sem comer. É o salário de aposentado, não dá. A gente é pobre. Se fosse filho de rico, talvez fosse diferente. Mas do jeito que está, isso vai acabar em pizza”, lamentou.

Posição da Secretaria de Educação
A Secretaria Municipal de Educação informou que não tinha conhecimento prévio do caso e, assim que foi informada, solicitou um relatório detalhado à direção da escola.
Segundo o documento enviado à Secretaria, as seguintes medidas foram adotadas:
- Os pais dos estudantes envolvidos foram chamados individualmente e orientados sobre o ocorrido;
- Uma reunião coletiva foi marcada, mas apenas o pai da vítima e outro responsável compareceram;
- O aluno passou a receber atendimento psicológico individualizado às quartas-feiras e acompanhamento coletivo com a turma às quintas;
- A escola realiza ações contínuas de conscientização sobre bullying, respeito às diferenças e combate ao racismo.
A diretora do Departamento de Educação, Vera Bezerra da Silva, destacou que o caso foi tratado com seriedade.
“As crianças disseram que era uma brincadeira, mas esse tipo de comportamento não pode acontecer. Mesmo sendo crianças, é preciso ter noção do que é respeito. Quando não respeitamos o outro, também estamos nos desrespeitando”, afirmou.
Em nota, a Secretaria reforçou que repudia toda e qualquer forma de discriminação, preconceito ou violência no ambiente escolar e garantiu que acompanha o caso de perto, oferecendo suporte à equipe escolar, aos alunos e às famílias envolvidas.
Fonte: G1