O Mirassol escreveu nesta terça-feira (2) um dos capítulos mais impressionantes da história recente do futebol brasileiro. Em seu ano de estreia na Série A, o time da pacata cidade de 65 mil habitantes desafiou previsões, que o apontavam como candidato ao rebaixamento, e garantiu vaga direta na fase de grupos da Libertadores ao vencer o Vasco por 2 a 0, em São Januário, com uma rodada de antecedência.
Chegando à elite sob desconfiança, o Leão caipira carregava o lema “vivendo o sonho”. Inicialmente, o sonho era apenas disputar a primeira divisão — talvez evitar a queda. Mas a campanha, construída rodada após rodada, mostrou que havia muito mais potencial do que qualquer projeção ousada poderia sugerir.
O técnico Rafael Guanaes, que desde o início enxergava um time capaz de ir além da permanência, esperava talvez uma vaga na Sul-Americana no cenário mais otimista. Porém, o Mirassol transformou o improvável em realidade e pavimentou uma trajetória histórica nos pontos corridos.
Os 66 pontos somados até aqui e a quarta posição não resumem a grandiosidade do feito. O Mirassol foi uma das raras equipes que manteve regularidade exemplar durante o campeonato: nunca passou mais de três jogos sem vitória e apresentou alto desempenho mesmo nas derrotas — como no 3 a 0 contra o Corinthians, quando foi elogiado pelo volume de jogo.
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Embora conte com boa estrutura e centro de treinamento moderno, o diferencial do clube está na gestão. O vice-presidente e gestor Juninho Antunes idealizou um projeto sólido, cercado por profissionais competentes, focados em um ambiente leve, unido e repleto de jogadores com disciplina, ambição e fome de vencer. O resultado foi um elenco equilibrado, misturando jovens promissores e veteranos decisivos.
Entre os destaques, o goleiro Walter, que cogitou se aposentar no início do ano, deve terminar 2025 como um dos melhores da posição no campeonato. Reinaldo, aos 36 anos, vive a temporada mais artilheira da carreira, com 14 gols. Jogadores como Lucas Ramon, Jemmes, João Victor, Danielzinho, Negueba e Alesson ganharam projeção nacional. Até o banco contribuiu de maneira eficiente, com nomes como Daniel Borges, Gabriel Knesowitsch, José Aldo, Carlos Eduardo e Cristian.
O próximo ano promete novos desafios, com o Mirassol disputando Paulistão, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores. As expectativas aumentam, e o clube deixa de ser tratado como surpresa. Ainda assim, o Leão caipira já provou que não teme caminhos desconhecidos.
Se mantiver seu DNA de coragem, planejamento e união, o Mirassol tem tudo para seguir fazendo história — no Brasil e agora, também, pela América.