O prédio que antes abrigava a Delegacia Central de Birigui, localizado na Rua Bento da Cruz, está abandonado há quase uma década. Desativado em 2016 para reformas que nunca saíram do papel, o imóvel se tornou foco de problemas graves, como infestações, insegurança e revolta de moradores da região.
A situação levou a comunidade a acionar o Ministério Público, cobrando providências do Governo do Estado. Relatos apontam surgimento de escorpiões, aumento de casos de dengue, presença de ratos e até de animais de médio porte, como gambás, configurando risco à saúde e à segurança pública.
Segundo os registros, pessoas idosas e acamadas já foram diretamente afetadas. Em março de 2024, uma cuidadora de idoso foi picada por um escorpião e precisou de atendimento médico. “Se tivesse sido minha mãe, que é cadeirante e debilitada, poderia ter sido fatal”, disse Milene Rodrigues, moradora próxima ao imóvel.
O abandono transformou o prédio em abrigo improvisado. Muros baixos e portões arrombados permitem o acesso de moradores em situação de rua, usuários de drogas e até pessoas armadas. “Já encontrei uma faca no pátio e sinto cheiro de maconha vindo de lá. Vivemos com medo”, afirmou Gilenilda Andrade de Campos, moradora da região.
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Além dos riscos à saúde e à segurança, o estado financeiro do imóvel preocupa os vizinhos. Enquanto o prédio se deteriora, o governo continua pagando aluguel para manter delegacias em imóveis privados.
O prédio, situado em área nobre do centro da cidade, já foi alvo de incêndio em 2024. Testemunhas afirmaram ter visto um casal em situação de rua deixando o local pouco antes das chamas se espalharem. Apesar da gravidade do episódio, nenhuma melhoria estrutural foi realizada.
Cansados de esperar, os moradores organizam mutirões para limpar os arredores, mas reconhecem que a medida não resolve o problema. “A gente corta o mato, tira o lixo, mas em poucos dias tudo volta. É enxugar gelo”, lamentou um comerciante vizinho, que preferiu não se identificar.
De acordo com a petição encaminhada ao Ministério Público, a vizinhança já convive há anos com os efeitos do abandono, incluindo surtos de escorpiões e furtos em residências, praticados por pessoas que usam o prédio como esconderijo.