Pais, responsáveis e moradores de Birigui se mobilizaram em um abaixo-assinado online para tentar impedir o fechamento do CEI (Centro de Educação Infantil) Rotary Fubem, uma das unidades mais tradicionais da cidade. A movimentação ganhou força após o anúncio da prefeita Samanta Borini (PSD) sobre a transformação do prédio em um Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Infantil.
A proposta da Prefeitura é instalar no local um centro especializado em saúde mental infantil, integrando-o a outros serviços já existentes na região. No entanto, a medida gerou forte reação entre os pais, que afirmam que o encerramento das atividades da creche representará uma grande perda para a educação infantil do município.
Falta de diálogo e risco de superlotação
Com quase 800 assinaturas já reunidas, o abaixo-assinado denuncia a falta de diálogo com a comunidade escolar e critica a forma como a decisão foi comunicada. Segundo os pais, o fechamento poderá gerar superlotação em outras unidades, comprometendo a qualidade do atendimento e o desenvolvimento das crianças.
Um dos principais pontos de insatisfação é a alegação da Prefeitura de que o CEI Rotary possui mais funcionários do que alunos. Para os responsáveis, esse é justamente um dos diferenciais positivos da creche: o atendimento personalizado e o cuidado humanizado.
Relatos emocionantes de mães
Carolina Galdeano, mãe da pequena Helena, do berçário 2, relatou a dificuldade que enfrentou para conseguir vaga em outras unidades antes de ser acolhida pelo Rotary.
“Mesmo longe de casa, escolhi com o coração. Minha filha nunca adoeceu, nunca teve assaduras. O cuidado é impressionante”, afirmou.
Ela destacou o vínculo entre professores e alunos. “Vi a professora trazendo minha filha no colo com tanto carinho que me emocionei. Sei que ela é cuidada com amor. Lá, é uma extensão da nossa casa.”
Outra mãe, Janaina, mãe da Luna, do Maternal 1, criticou a falta de transparência no processo. “A gente soube da decisão por vídeo nas redes sociais. Não houve diálogo com os pais. Foi tudo imposto”, reclamou.
Ela ressaltou que a creche é muito mais que um local de ensino. “É a nossa rede de apoio. Minha filha ama ir para a escola. Lá, comemoramos aniversários, datas especiais. É a nossa segunda casa.”
Ana Beatriz Rodrigues, mãe do Arthur, também disse que foi pega de surpresa. “Na sexta-feira nos informaram que o prédio seria usado para um Caps Infantil, como se só existisse aquele lugar na cidade. Não nos deram alternativas.”
Para ela, a qualidade do Rotary é inquestionável. “São 76 crianças bem cuidadas, com carinho, respeito e dedicação. É a instituição mais bem avaliada da cidade. Isso não pode ser descartado.”
Ela também rebateu a fala da prefeita sobre a proporção entre funcionários e alunos. “Isso é o que garante a qualidade do atendimento. Educação não é gasto, é investimento.”
Pais cobram preservação do direito à educação
No texto do abaixo-assinado, os pais alegam que o fechamento da unidade fere o direito à educação de qualidade, garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles também questionam a viabilidade de realocar todas as crianças para outras unidades da rede municipal.
A Prefeitura informou que o encerramento das atividades no CEI Rotary ocorrerá apenas em 2026, e que a decisão foi aprovada pelo Conselho Municipal de Educação. Segundo o Executivo, a nova estrutura será implantada com apoio do Ministério da Saúde para ampliar a atenção à saúde mental infantil.
Ainda segundo a administração municipal, nenhuma criança ficará sem atendimento. A realocação será feita conforme o endereço das famílias, e os alunos serão distribuídos entre outras creches da cidade.
O governo também destacou que a manutenção mensal do CEI Rotary gira em torno de R$ 250 mil, valor considerado elevado diante do número de alunos atendidos. Hoje, a unidade conta com 32 servidores e turmas em tempo integral.
Para os pais, porém, o custo é justificado pelo serviço prestado com excelência.
“Não se fecha uma escola como se fecha uma empresa. O Rotary é um time que está ganhando, e não se mexe nisso”, conclui Ana Beatriz.