Um morador de São José do Rio Preto (SP) perdeu quase R$ 300 mil em apostas online, ao longo de seis meses, após ser influenciado por um casal de influenciadores digitais que divulgava o chamado “jogo do tigrinho”.
A vítima, que não quis se identificar, contou em entrevista à TV TEM que o vício começou com um depósito de apenas R$ 100. A tentativa de recuperar o valor perdido acabou se transformando em um ciclo compulsivo.
“Coloquei R$ 100 e fui tentando recuperar, mas só perdia. Entrei num ciclo infinito, precisei de ajuda psiquiátrica e remédios para dormir. Foi muito difícil sair disso”, relatou.
Ele afirma que não existe vantagem nesse tipo de aposta:
“Você entra achando que vai ganhar, mas só perde. No fim, acabei sem nada. Não tem pontos positivos nesse caminho.”
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Operação “Caça ao Tigre”
O caso está ligado a uma investigação da Polícia Civil, que no último dia 22 de setembro deflagrou a operação “Caça ao Tigre”, em São José do Rio Preto. A ação teve como alvo crimes de exploração de jogos de azar eletrônicos, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão — dois em condomínios de luxo da cidade, um em uma propriedade rural de Ipiguá (SP) e outro em endereço ligado a um dos suspeitos. Durante a operação, um homem foi autuado por posse ilegal de arma de fogo, um macaco-prego foi resgatado de cativeiro, além da apreensão de veículos, uma moto aquática, celulares e computadores.
De acordo com o delegado Fernando Tedde, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), os influenciadores investigados promoviam os jogos como forma rápida de enriquecimento.
“Eles faziam verdadeira apologia, induzindo pessoas a acreditarem em lucros fáceis. Mas o sistema é programado para gerar prejuízo ao apostador”, afirmou.
Segundo ele, os envolvidos podem responder por fraude eletrônica, estelionato, associação criminosa e até organização criminosa.
Riscos à saúde mental
O vício em apostas é considerado um problema de saúde pública. Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública apontam que 38,6% dos apostadores no Brasil apresentam algum grau de risco ou transtorno psicológico decorrente do jogo.
A psicóloga Uliana Brambilla alerta que o impacto pode ser devastador:
“O vício em jogos de azar está associado a um aumento de até 70% nos casos de suicídio em todo o mundo. O apostador se apega apenas às lembranças das vitórias e ignora as perdas, o que mantém o ciclo de dependência. Por isso, o tratamento psicológico e o apoio da família e amigos são fundamentais”, destacou.