O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) tem recebido semanalmente denúncias de violência contra enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem dentro do ambiente de trabalho. Para compreender melhor a situação, a entidade realizou a pesquisa Sondagem Violência Sofrida pela Enfermagem no Ambiente de Trabalho 2025, que contou com a participação de 7.745 profissionais e revelou números preocupantes.
De acordo com o levantamento, 19,3% afirmaram ter sofrido frequentemente algum tipo de violência nos últimos três anos e 57% não receberam apoio da instituição empregadora nos casos relatados. Além disso, 70,2% dos profissionais não denunciam as agressões por acreditarem na impunidade (59,4%), pela falta de suporte institucional (56,9%) ou pelo medo de perder o emprego (49,2%).
Outro dado alarmante é o crescimento dos registros em relação a 2023: houve aumento de 2,2% em casos de agressões físicas, 2,1% em agressões sexuais e 3,5% em situações de violência praticada por empregadores ou em instituições privadas. Em contrapartida, o crescimento das punições aos agressores foi de apenas 1,8%.
Consequências e impacto coletivo
A violência contra profissionais de enfermagem gera consequências individuais, como afastamentos e danos à saúde mental, além de impactos coletivos, como a defasagem de equipes e prejuízos no atendimento à população.
Garantir a segurança desses profissionais é, segundo o Coren-SP, uma forma de assegurar qualidade na assistência e o bom funcionamento de todo o sistema de saúde.
Audiência pública na Alesp
Para discutir medidas de prevenção e combate à violência, o Coren-SP promoverá uma audiência pública no próximo dia 3 de setembro, às 18h, no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A iniciativa conta com o apoio do deputado proponente Fábio Faria de Sá.
“A violência contra os profissionais de enfermagem é uma discussão de extrema importância e relevância neste momento, pois temos visto muitos casos recentemente. Um levantamento feito pelo Coren-SP apontou que 80% dos profissionais de enfermagem já foram agredidos de alguma forma no seu ambiente de trabalho – verbalmente, fisicamente ou psicologicamente. Trata-se de uma verdadeira epidemia nos hospitais, UBS e demais unidades de saúde de nosso estado”, declarou Sergio Cleto, presidente do Coren-SP.
Ações permanentes
Além da audiência pública, o conselho criou em julho a Comissão de Enfrentamento à Violência e de Acolhimento aos Profissionais de Enfermagem Vítimas de Agressão, responsável por propor e acompanhar ações preventivas, acolher vítimas e promover ambientes de trabalho mais seguros.
A expectativa é reunir cerca de 200 participantes, incluindo representantes do Conselho Federal de Enfermagem, do Tribunal de Justiça de São Paulo, da Federação Nacional de Enfermagem e do Instituto Sou da Paz, para fortalecer o diálogo com a sociedade e o Poder Público.
Solidariedade do Pô Birigui
O Pô Birigui, por meio de seu idealizador Fabiano Amadeu, manifesta solidariedade a todos os profissionais de enfermagem que sofrem com a violência em seus locais de trabalho.
“Esses profissionais são fundamentais para a saúde e merecem respeito, proteção e condições dignas de atuação. É urgente que a sociedade e as autoridades se unam para combater esse cenário de violência”, destacou Amadeu.