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O Trabalho mudou, os trabalhadores também

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um fenômeno significativo no mercado de trabalho: o aumento expressivo das demissões voluntárias, antigamente chamada de “sopão”. Em 2023, mais de 7,3 milhões de trabalhadores decidiram deixar seus empregos por vontade própria, representando 34% do total de desligamentos no país. Em 2024, essa tendência continuou, atingindo 6,5 milhões de pedidos de demissão apenas entre janeiro e setembro. Esse fenômeno reflete mudanças profundas na relação entre empresas e profissionais, impulsionadas por fatores econômicos, tecnológicos, sociais e comportamentais.

 

Segundo alguns estudos e análises de especialistas, essa crescente onda pode ser atribuída a uma combinação de fatores. Um dos principais é a busca por melhores oportunidades, com 71% dos trabalhadores que pediram demissão porque receberam propostas mais atrativas de outras empresas. Além disso, 40% dos profissionais alegaram que deixaram seus empregos por não enxergarem perspectivas de crescimento na carreira, o que reforça, de certa maneira, a necessidade de ambientes que ofereçam possibilidade real de desenvolvimento e valorização. A insatisfação salarial também é um fator relevante, uma vez que muitos empregados buscam remuneração mais competitiva, especialmente em setores com alta demanda por talentos de base intelectual.

 

Outro aspecto importante a considerar é a mudança de prioridades dos profissionais, que passou a ser mais evidente após a pandemia. O desejo por um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional levou muitos a reconsiderar suas carreiras e optarem por empregos que ofereçam maior qualidade de vida. Quem assistiu Ruptura (série americana) pôde concluir que jamais será possível dissociar sua vida particular da sua vida no trabalho – mesmo que utilize uma espécie de super tecnologia para fazer isso. Além disso, outro fator importante é o empreendedorismo, que tem ganhado muita força como alternativa. O número de microempreendedores individuais (MEIs) triplicou na última década, mostrando que muitos trabalhadores preferem abrir seus próprios negócios a sair do modelo tradicional, mesmo não tendo a segurança garantida pelo emprego fixo. Ou seja, as pessoas, principalmente dessa nova geração, não se contentam mais com as regras estabelecidas no passado regido pelo modelo industrial – casa-trabalho-casa e, quando der, diversão, entretenimento, etc.

 

O cenário atual indica que o mercado de trabalho brasileiro está em transformação, e muita gente não percebe. A tendência é que habilidades digitais, flexibilidade e qualidade de vida sejam cada vez mais valorizadas. Assim, algumas previsões até podem ser feitas para os próximos anos. Por exemplo, a expansão do trabalho híbrido (presencial e remoto) é uma das mudanças mais ascendentes, permitindo que os profissionais conciliem melhor suas rotinas e entreguem sua produtividade. Haverá também, mais do que nunca, uma valorização das habilidades tecnológicas, especialmente nas áreas de inteligência artificial, análise de dados e automação, que proporcionam novas oportunidades e expectativas para aqueles que se especializarem nessas áreas. Quem não souber tirar proveito disso, vai ficar para trás, tanto empregado, quanto empregador.

 

Talvez o marco dessa mudança toda tenha sido em 2022. Dali para trás tudo estava meio novo, meio confuso e duvidoso, agora, dali para frente, não há mais dúvidas de que a utilização dessas ferramentas tecnológicas digitais trazem grande vantagem competitiva. E quem desconsiderar isso, tá na roça.

 

Dessa forma, as organizações precisarão se reinventar para que obtenham resultados. E isso não significa criar aqueles velhos mecanismos para manter funcionários dentro da empresa oferecendo benefícios mais atrativos, planos de carreira estruturados e ambientes de trabalho no estilo google etc. Será necessário mais do que isso, as empresas precisarão seguir o fluxo do desenvolvimento, não poderão ter medo de arriscar por modelos e processos mais disruptivos se quiserem fazer seu negócio fluir – seja com humanos ou com máquinas.

 

Em síntese, a onda de demissões voluntárias no Brasil revela uma nova dinâmica no mercado de trabalho, onde os profissionais já estão mais exigentes e buscam algum tipo de propósito pessoal que esteja alinhado ao propósito da empresa. O futuro do trabalho será, com certeza, marcado pela robótica e inteligência artificial, inovação mais acelerada e uma nova realidade para os arcaicos modelos de contratos de trabalho. A questão é: se o Brasil (que sempre parece ser “do futuro”) não acordar rapidamente, vai se afundar ainda mais no retrocesso mental, e consequentemente, econômico.

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