Kathlen da Silva Ferreira, de 22 anos, foi liberada provisoriamente nesta terça-feira (12) pela Justiça de Birigui (SP) após quase um ano de prisão. Ela foi acusada pelo Ministério Público de participar do ocultamento dos corpos de Jimmy Pereira da Silva, de 21 anos, e Caroline Batista Froes, de 22, encontrados com cortes no pescoço em 23 de novembro de 2023. A decisão da 1ª Vara Criminal de Birigui considerou não haver indícios suficientes de que Kathlen participou dos assassinatos, sendo imputada a ela apenas a ocultação dos cadáveres.
Segundo o Ministério Público, Kathlen não estaria envolvida nos homicídios, mas teria auxiliado na tentativa de ocultação dos corpos. Sua defesa, representada pelo advogado André Doná, informou que pedirá a absolvição completa da jovem. Na decisão, consta que sua prisão temporária foi inicialmente convertida em preventiva a pedido da Polícia Civil, que alegou que Kathlen e Washington Elias Reliquias de Souza Sarmento, de 29 anos, teriam tentado fugir do país após o crime. A polícia também afirmou que os acusados buscavam intimidar os familiares das vítimas, justificando a necessidade de manter Kathlen presa durante o processo de instrução.
Ao término da instrução processual, não foram encontradas provas que confirmassem a autoria ou participação direta de Kathlen nos homicídios, restando apenas a acusação de ocultação de cadáver. Kathlen sempre afirmou que os homicídios foram cometidos exclusivamente por Washington, o qual confessou o crime, alegando legítima defesa, e declarou que Kathlen não participou do ato.
A decisão de conceder liberdade provisória à jovem também levou em conta sua condição de ré primária e o fato de que a pena prevista para ocultação de cadáver varia de um a três anos de prisão. Como parte das medidas cautelares, Kathlen deverá se apresentar mensalmente à Justiça, não poderá deixar a comarca sem autorização e está proibida de contatar testemunhas do processo e Washington, valendo essas condições por um ano.
Entenda o caso
Os corpos de Jimmy e Caroline foram encontrados na edícula onde residiam Kathlen e Washington, nos fundos da casa do pai dela. Kathlen foi presa alguns dias depois, ao se apresentar na delegacia acompanhada de um advogado. Ela negou qualquer envolvimento nos homicídios e justificou que havia fugido com Washington por estar em estado de choque.
Durante as investigações, os réus alegaram que, na madrugada do crime, Jimmy teria tentado manter relações sexuais com Kathlen, o que Washington teria tentado impedir, culminando em agressões fatais com uma faca. Caroline, ao presenciar a cena, teria sido ameaçada e também assassinada. Os corpos foram enrolados em um cobertor e deixados sob um colchão, e a polícia encontrou a casa limpa, sem sinais de luta.
A denúncia apresentada pelo Ministério Público acusa Washington dos homicídios qualificados e Kathlen de envolvimento na ocultação dos cadáveres. Sua defesa recorreu ao habeas corpus argumentando que ela colaborou com as investigações e não teve participação direta nos crimes. A Justiça ainda avaliará se ambos serão levados a julgamento pelo Tribunal do Júri.