Incêndios de grandes proporções, possivelmente criminosos, resultaram na morte de centenas de animais de pecuária neste fim de semana, no interior de São Paulo. O forte vento e a estiagem contribuíram para a rápida propagação das chamas entre canaviais e propriedades rurais, afetando gravemente a fauna local. Em Pradópolis, um assentamento rural contabilizou a perda de 217 porcos, frangos e galinhas, enquanto em Santo Antônio do Aracanguá, diversos animais foram encontrados carbonizados em uma fazenda.
A diretora da ONG Sinergia Animal no Brasil, Cristina Diniz, destacou o sofrimento dos animais confinados por cercas ou em galpões, que não tiveram chance de escapar das chamas. “Esses animais são tão vítimas quanto os silvestres, capazes de sentir dor e medo. Suas mortes representam vidas perdidas em um sistema que já negligencia seus direitos básicos”, lamentou Diniz.
Em outras regiões, como Itirapina e Ribeirão Preto, bois, vacas e porcos também sofreram com a devastação. Enquanto cerca de 70 bois conseguiram escapar do fogo em Itirapina, animais em Ribeirão Preto e Boa Esperança do Sul não tiveram a mesma sorte, morrendo carbonizados em currais. A prefeita de Lucélia, Tati Guilhermino, fez um apelo emocionado aos produtores rurais para que abram suas porteiras e permitam que os animais fujam em situações emergenciais. A Defesa Civil ainda está contabilizando o número total de animais impactados, mas alerta para o risco de fome devido à devastação das áreas de pasto.
A tragédia, que em apenas dois dias resultou em 2.300 focos de incêndio e devastou mais de 20 mil hectares, deixou 48 cidades do interior de São Paulo em alerta máximo. Para a diretora da Sinergia Animal, a situação reflete a urgência de estabelecer planos de contingência eficazes que incluam os animais em casos emergenciais e a necessidade de repensar os sistemas alimentares para combater a crise climática. “Este não é um caso isolado; tragédias similares já ocorreram, como os incêndios no Pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul, que impactaram mais de um milhão de animais de pecuária”, concluiu Diniz.