A Associação de Benemerência Senhor Bom Jesus, organização social de saúde (OSS) responsável pela gestão do pronto-socorro municipal de Birigui (SP), apresentou representação contra o vereador José Fermino Grosso (PP) a diversas instituições. A entidade já havia registrado boletins de ocorrência contra o parlamentar em fevereiro, alegando injúria, calúnia e perturbação do sossego. Agora, a OSS acusa o vereador de cometer excessos durante visitas à unidade de saúde.
Foram encaminhados ofícios ao Ministério Público, à Câmara Municipal, ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Nos documentos, a organização relata que Fermino teria entrado no pronto-socorro e abordado pacientes em seus leitos, utilizando tom de voz elevado e coagindo médicos e profissionais de enfermagem. Ele também estaria questionando de forma incisiva e inadequada os procedimentos relacionados à internação entre a Santa Casa e o pronto-socorro municipal. “Mesmo após diversas orientações dos profissionais de saúde, ele tem persistido, de maneira recorrente, com falas ofensivas e comportamentos inadequados”, consta no ofício.
Uso indevido de imagens e disseminação de informações
A gestora da unidade também denuncia que o vereador teria realizado filmagens sem autorização de colaboradores e pacientes, além de disseminar informações inverídicas, o que estaria gerando desconforto e comprometendo o ambiente de trabalho. “Além disso, ele insiste em propagar inverdades sobre a quantidade de profissionais médicos e de enfermagem escalados, causando transtornos aos que estão desempenhando suas funções junto à população”, destaca o documento.
Acusações infundadas
Nos ofícios, a OSS ainda aponta que o vereador teria feito acusações infundadas contra a entidade, afirmando que a organização estaria “roubando o dinheiro da população”. Segundo o relatório, Fermino teria declarado que todos os profissionais seriam “malandros”. “Tais declarações, feitas de maneira irresponsável e sem qualquer embasamento, não apenas mancham a reputação da entidade e de seus colaboradores, como também geram insegurança entre os pacientes e seus familiares, dificultando o trabalho da equipe de saúde”, pontua o documento.
Estado de emergência e providências
A OSS ressalta que o pronto-socorro municipal de Birigui enfrenta um estado de emergência devido ao surto de dengue, com demanda elevada por atendimentos, exigindo maior dedicação da equipe e um ambiente adequado para o atendimento humanizado e eficiente dos pacientes. A entidade solicita que as instituições competentes adotem medidas cabíveis contra o vereador, visando garantir o adequado funcionamento da unidade de saúde e a proteção dos profissionais e pacientes.
A reportagem apurou que o Ministério Público já notificou Fermino, concedendo um prazo de 15 dias para que ele apresente informações sobre os fatos. Já o presidente da Câmara Municipal, vereador Reginaldo Fernando Pereira (PL), o Pastor Reginaldo, informou que o ofício foi encaminhado ao procurador jurídico da casa, que emitiu um parecer. O documento será enviado à Comissão de Ética para análise conforme a legislação vigente. “A presidência é sempre cautelosa e toma decisões baseadas na lei, sem o intuito de prejudicar alguém, mas agindo com justiça e transparência”, afirmou.
Vereador se defende
O vereador José Fermino Grosso confirmou à reportagem que esteve no pronto-socorro após receber mais de 30 ligações de pacientes reclamando da demora no atendimento, que chegaria a mais de cinco horas. Ele nega ter ofendido alguém e afirma que apenas cumpriu seu papel de fiscalizador. “Houve troca de ofensas porque quiseram me tirar do local, mas eu não desrespeitei ninguém”, declarou. Fermino reforçou que continuará exercendo sua função de fiscalização e permanecerá ao lado da população.
Fonte: Trio – Agência de Notícias